sábado, 10 de outubro de 2009

Auto

Era noite de outubro não precisamos pedir benção ao luar quando o sol tomou o céu pois ela estava lá e ninguém dormiu. Esvaziu rápido, mas gente se encontra em todo lugar, no caso, perto de igrejas velhas numa praça secular. O bar tocava Elvis, se ouvia Los Hermanos e se dançava bolero.
No anfiteatro, gente andava de bicicleta e brincava de correr. No meio, os vendedores de miriti dormiam pra lucrar nas procissões dos dias seguintes. Era lindo ver tanta gente, tanta gente nossa e tanta gente dos outros.
Ninguém precisava de luz mesmo e a comemoração ecoou entre as mangueiras quando aquelas se apagaram. No escuro ninguém via sujeira. Esvaziou.

Os barcos se alinhavam na baía para a procissão, a névoa das ilhas distantes subia o rio e subia pro céu com o calor que descia de lá.
Belém e boa quente e é boa fria, é boa barulhenta e é boa caladinha. Dependendo do momento e dependendo da companhia. O clima era bom e amigável, e no escuro nada é sujo o suficiente e o chão se tornava a melhor cama e a voz era a melhor cantiga.
Noite e dia de amigos novos e velhos, dias e noites da ressaca do verão que cada vez mais se mistura na cidade.
E quanto mais as coisas mudam mais elas permanecem as mesmas.

2 comentários:

  1. Belém é linda, perfeitamente quente e alinhadamente agitada. Nessas épocas ela se torna mais bonita e colorida. O abstrato passa a ser irreal, porém tão lindo de se vê, que encanta todos os seres que nela vivem.

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  2. Belém é linda quando se olha de determinadas maneiras. Transladação *-*

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